match, flame, smoke, matchstick, lighter, ignition, fire, light, burn, burning, fume, incandescent, kindle, sulfur, match head, close up, macro, ignite, hot, fire, fire, fire, fire, fire

A Menininha dos Fósforos: Um Conto que fala do apego às ilusões!

Hoje quero compartilhar com você um conto que, embora simples, carrega uma profundidade emocional capaz de tocar o coração de qualquer um: A Menininha dos Fósforos. Essa história, reinterpretada pela brilhante Clarissa Pinkola Estés em seu livro Mulheres que Correm com os Lobos, nos convida a refletir sobre temas como solidão, esperança e a busca por conexão.

Antes de mergulharmos no conto, vamos conhecer um pouco sobre a autora que deu vida a essa narrativa de forma tão especial.

O conto original é A Pequena Vendedora de Fósforos de Hans Christian Andersen ( 1848), mas foi adaptado na obra da autora.


Quem é Clarissa Pinkola Estés?

Clarissa Pinkola Estés é uma psicanalista junguiana, poeta e contadora de histórias que dedicou sua vida a estudar o inconsciente feminino. Seu trabalho mais conhecido, Mulheres que Correm com os Lobos, é uma obra-prima que explora mitos, contos e arquétipos para revelar a essência selvagem e sagrada da mulher. Clarissa usa histórias como a da Menininha dos Fósforos para nos guiar em uma jornada de autoconhecimento, ajudando-nos a reconectar com nossa força, intuição e criatividade.

Agora, vamos ao conto que inspirou tantas reflexões.


O Conto da Menininha dos Fósforos

Era uma vez uma menininha que não tinha nem pai nem mãe e que morava na floresta negra. Havia nas proximidades da floresta uma aldeia, e ela havia aprendido que podia comprar lá fósforos por meio pêni que podiam ser vendidos na rua por um pêni inteiro. Se ela vendesse fósforos em quantidade suficiente, poderia comprar uma fatia de pão, voltar para sua meia-água na floresta e ali dormir com as únicas roupas que possuía.

Chegou o vento, e ficou muito frio. Ela não tinha sapatos, e seu casaco era tão fino que chegava a ser transparente. Seus pés há muito haviam passado do ponto de estar azuis de frio. Seus dedos dos pés estavam brancos, assim como os dedos das mãos e a ponta do nariz. Ela perambulava pelas ruas, implorando a desconhecidos que comprassem fósforos dela. Mas ninguém parava e ninguém prestava a mínima atenção a ela.

Por isso, uma noite ela se sentou dizendo para si mesma que tinha fósforos e que podia acender uma fogueira para se aquecer. Só que ela não tinha nem gravetos nem lenha. Resolveu acender os fósforos assim mesmo.

Ela se sentou com as pernas esticadas para a frente e acendeu o primeiro fósforo. Ao fazê-lo, pareceu-lhe que o frio e a neve desapareciam por completo. O que ela viu no lugar da neve rodopiante foi uma sala, uma linda sala com um enorme fogão de cerâmica verde-escuro, com uma porta de ferro trabalhado em arabescos. Tanto calor emanava do fogão que o ar chegava a ondular. Ela se aconchegou junto a ele e se sentiu no paraíso.

De repente, porém, o fogão se apagou, e ela estava mais uma vez sentada na neve, tremendo tanto que os ossos do seu rosto retiniam. E assim ela acendeu o segundo fósforo. A luz iluminou a parede do edifício ao lado de onde ela estava sentada, e ela subitamente pôde ver através da parede. Na sala por trás da parede, havia uma toalha alvíssima sobre a mesa, e ali na mesa havia porcelana do branco mais branco. Numa travessa, um ganso, que acabava de ser preparado. E, exatamente quando ela esticou a mão para alcançar o banquete, a miragem desapareceu.

Ela estava novamente na neve, mas agora seus joelhos e quadris não doíam mais. Agora o frio abria caminho pelo seu torso e pêlos braços com formigamentos e ardências, e por isso ela acendeu o terceiro fósforo.

E na chama do terceiro fósforo havia uma linda árvore de Natal, com uma belíssima decoração de velas brancas, babados de renda e maravilhosos enfeites de vidro, além de milhares e milhares de pequenos pontos de luz que ela não conseguia discernir direito.

Ela olhou para o alto dessa árvore enorme que crescia cada vez mais e avançava cada vez mais na direção do teto até que se transformou nas estrelas do céu lá em cima. Uma estrela atravessou brilhante o céu, e ela se lembrou de sua mãe lhe ter dito que, quando morre uma alma, uma estrela cai.

E do nada surgiu sua avó, tão carinhosa e delicada, e ai menina se sentiu feliz ao vê-la. A avó levantou o avental, envolveu nele a criança, abraçou-a bem apertado, e a menina se sentiu contente.

Mas a avó também começou a desaparecer. A menina acendia cada vez mais fósforos para manter a avó consigo… cada vez mais fósforos para mantê-la consigo… cada vez mais… e elas começaram a subir juntas para o céu, onde não havia nem frio, nem fome, nem dor. E pela manhã, entre as casas, encontraram a menina imóvel e morta.


A Mensagem por Trás do Conto

O conto da Menininha dos Fósforos, embora trágico, carrega uma mensagem poderosa sobre esperança, amor e a busca por conforto em meio à dor. Clarissa Pinkola Estés, em sua análise junguiana, vê na menina um símbolo da alma feminina em busca de calor e conexão. Os fósforos representam as ilusões que buscamos para preencher o vazio, mas que, no fundo, não são capazes de nos sustentar.

A história nos convida a refletir sobre como lidamos com nossas próprias dores e ilusões. Será que estamos buscando “fósforos” passageiros, ou estamos dispostas a acender o fogo interno que já existe dentro de nós?


Clarissa Pinkola Estés e a Jornada Feminina

Clarissa Pinkola Estés nos ensina que, assim como a menininha dos fósforos, muitas de nós nos perdemos em busca de conforto externo, esquecendo-nos de nutrir o nosso próprio fogo interno. Seu trabalho nos inspira a olhar para dentro, reconhecer nossa essência selvagem e encontrar a força para superar os desafios da vida.

Se você se identificou com essa história, saiba que não está sozinha. A jornada de autoconhecimento é um caminho que todas nós podemos percorrer, e Clarissa Pinkola Estés é uma guia incrível nessa trajetória.


Referência:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima